A NARRATIVA EM COMUNIDADES QUILOMBOLAS
FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS E SAÚDE MENTAL
Palavras-chave:
Narrativa. Ancestralidade. Comunidade Quilombola.Resumo
O estudo investiga a atuação da narrativa e da oralidade como dispositivo de fortalecimento de vínculos e produtora de saúde mental nos territórios quilombolas. De modo a identificar o ato de narrar e a oralidade como práticas promotoras de saúde mental no território. Este estudo é resultado de pesquisa realizada entre os anos de 2020 à 2021. A pesquisa teve como metodologia a pesquisa qualitativa de caráter descritivo. Foram utilizados materiais bibliográficos como: artigos, dissertações, livros e documentários, que abordam a temática da narrativa e da oralidade em territórios tradicionais. Os instrumentos usados para o campo de pesquisa foram: entrevista semiestruturada e diário de campo. As análises foram realizadas por meio do método de análise de conteúdo por categoria temática. Através das experiências da comunidade fica manifesto que a oralidade é o fio condutor que une as gerações, transmite conhecimento e cria estratégias de luta, promovendo cuidado e saúde por meio das narrativas partilhadas. A tentativa de destruição da memória faz com que essa se imbrique por outros caminhos, nos causos cotidianos, nas contações de histórias, nas receitas de culinária, nos chás e lambedores. Há uma pretensão de um apagamento histórico das comunidades quilombolas, mas estas se preservam e se refazem por meio do contar as suas vidas na relação com seu território a seus pares. Os sujeitos quilombolas utilizam o poder das palavras nos rituais religiosos, curas, prosas habituais e também nos meios formais, gerando assim, organização política que tem como base os valores ancestrais e os vínculos comunitários.
Referências
Ayres, J. R., Paiva, V., & Buchalla, C. M. (2012). Direitos Humanos e Vulnerabilidade na prevenção e promoção da saúde: uma introdução. In V. Paiva, J. R. Ayres, & C. M. Buchalla (2012). Vulnerabilidade e direitos humanos – prevenção e promoção de saúde: da doença à cidadania (pp. 09-22). Curitiba: Juruá. Araújo, E. M., & Silva, H. P. (2015). Apresentação do Dossiê. Revista ABPN, 7(16), 12-15.
Félix, R. (2020). Da voz à letra: oralidade, ancestralidade e resistência. In A. Ribeiro, J. G. dos S., & R. Félix, (2020). Volta miúda: quilombo, memória e emancipação (pp. 147-162). Ilhéus, BA: Editus. http://books.scielo.org/id/kynm8/pdf/felix-9786586213317-07.pdf
Hampaté Bâ, A. (2010). A tradição viva. In Z. Iskander (Org.). História Geral da África. Ática, Unesco.
Krenak, A., & Maia, B. (Org.) (2020). Caminhos para a cultura do bem viver. [S. l.]. https://www.biodiversidadla.org/Recomendamos/Caminhos-para-a-cultura-do-Bem-Viver
Langdon, E. J. (2014). Os diálogos da antropologia com a saúde: contribuições para as políticas públicas. Ciência & Saúde Coletiva, 19(4), 1019-1029. https://www.scielo.br/pdf/csc/v19n4/1413-8123-csc-19-04-01019.pdf
Lévinas, E. (2011). De outro modo que ser. (J. L. Péres & L. L. Pereira, Trans.). Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa.
Martín-Baró, I. (2009). Para uma psicologia da libertação. In R. S. L. Guzzo, & F. Lacerda Junior (Orgs.). Psicologia social para América Latina (pp. 180-197). Alínea.
Mascarenhas, M. D. M. da S., & Oliveira, S. da S. (2017). Narrativas, tradições orais e suas manifestações nos territórios quilombolas África e Laranjituba, Moju PA: A narrativa do EMU – A bebida sagrada. In Anais do Simpósio Nacional de História - Contra os preconceitos: história e democracia, Brasília, 2017 (pp. 1-17). Brasília: UNB.
Montero, M. (2006). Hacer para transformar: el método en la psicología comunitaria. Paidós.
Pollak, M. (1992). Memória e identidade social. (M. Augras & D. Rocha, Trad.). In Estudos Históricos, 5(10), 200-212. https://doi.org/10.1590/s0103-21861992000100009
Pollak, M. (1989). Memória, esquecimento, silêncio. (D. R. Fraksman, Trad.). In Estudos Históricos, 2(3), 3-15. https://doi.org/10.1590/S0103-21861989000100003
Santos, A. B. dos. (2015). Colonização, quilombos: modos e significados. INCTI/UnB.
Serres, M. (1993). Filosofia mestiça. (M. I. D. Estrada, Trad.). Nova Fronteira.
Simas, L. A., & Rufino, L. (2020). Encantamento: sobre política de vida. Mórula.
Tenório, J. (2020). O aveso da pele. [S. l.]: Companhia das Letras.