CARACTERIZAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA LEISHMANIOSE VISCERAL HUMANA NO NORDESTE BRASILEIRO ENTRE 2010 E 2017
Resumo
A leishmaniose visceral é uma zoonose que estava inicialmente associada a áreas rurais, mas em decorrência das diversas mudanças no ambiente, tais como a urbanização progressiva e desordenada, tem ocorrido uma maior distribuição da doença para além das áreas endêmicas. Investigações epidemiológicas referentes à leishmaniose visceral são de grande relevância para o Nordeste e especialmente para o estado da Paraíba, devido à necessidade em elucidar e publicar o retrato atual dessa zoonose, deste modo auxiliando gestores em saúde pública através de contribuições através do mapeamento da incidência e prevalência da parasitose, para auxiliar no combate à evolução dessa doença. Esta foi uma pesquisa transversal de caráter retrospectivo. Foi realizado um estudo de série de casos de leishmaniose visceral notificados entre os anos de 2010 e 2017 no Sistema Brasileiro de Informações sobre Doenças Notificáveis. No período de 2010 a 2017 foram confirmados 16.063 (dezesseis mil e sessenta e três) casos de leishmaniose visceral em indivíduos residentes na região Nordeste do Brasil. A incidência média de leishmaniose visceral apresentou oscilação conforme o estado de ocorrência. Em 2017, segundo a Figura 8, nos estados da região Nordeste, a taxa de incidência variou entre 1,14/100.000 habitantes (na Paraíba) até 10,69/100.000 habitantes (no Piauí). A taxa de letalidade mostrou-se mais elevada em Sergipe (11,54) e em Pernambuco (9,29) que correspondam aos estados que reportavam 3,63% e 8,52% dos casos da população total de acometidos no Brasil em 2017. Mesmo com a diminuição do número de casos em relação ao restante do Brasil, a região Nordeste continua responsável por pouco mais da metade de todos os casos ocorridos no país. Os estados do Maranhão, Ceará, Bahia e Piauí concentram a maior totalidade dos casos de leishmaniose visceral da região Nordeste, enquanto que Alagoas é o estado que apresenta o menor número de casos registrados no período considerado, seguido da Paraíba. Estes números não mudaram significativamente ao longo dos últimos anos, apresentando apenas pequenas variações, o que indica que são necessárias mais ações preventivas por parte dos órgãos responsáveis, bem como também estudos acerca do comportamento das populações de Lutzomyia longipalpis, que podem influenciar estudos de estratégias de controle mais efetivas para que seja alcançado um maior controle da infecção por este parasito, deste modo melhorando a qualidade de vida da população.
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