ATORES, PROCESSOS E DIFERENÇAS CONCEITUAIS NOS DEBATES SOBRE “SOCIEDADE CIVIL GLOBAL”
Palavras-chave:
sociedade civil global, atores não-estatais, transnacionalismo, GlobalizaçãoResumo
O artigo aponta que a discussão sobre a emergência de uma “sociedade civil global” – dominada pelas perspectivas liberais na década de 1990 - se diversificou na última década e, em certa medida, refletiu o retrocesso das expectativas em torno dos processos de globalização e mecanismos de governança. Ao longo do texto, apresentam-se as definições que estabeleceram os termos do debate no pós-Guerra Fria e apontam-se algumas problematizações que surgiram a partir de vertentes teóricas mais críticas (a legitimidade e o poder dos atores da sociedade civil e o potencial de emancipação e/ou dominação contidos nestas arenas de articulação transnacional). Propõe-se que a ideia de uma “sociedade civil global” pode ser mais bem entendida a partir da distinção de duas grandes dimensões de atuação política não-estatal além das fronteiras nacionais, com interesses e estratégias diversas (hegemônicos/top-down e contra-hegemônicos/bottom-up), que podem se complementar ou se contrapor.
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