QUANDO UM CÃO SELVAGEM NÃO LARGA O OSSO:
MARCAS DE DENTIÇÃO DE CARNICEIROS EM FÓSSIL DE Notiomastodon platensis ENCONTRADO EM UM TANQUE NATURAL NO MUNICÍPIO DE SUMÉ, PARAÍBA, BRASIL
Palavras-chave:
Icnologia; Protocyon troglodytes; Notiomastodon platensis.Resumo
Marcas de interação ecológica entre carniceiros e a megafauna pleistocênica estão presentes em diversos fósseis encontrados no nordeste brasileiro, havendo registros na literatura sobre a predação/necrofagia de hipercarnívoros em megaherbívoros como Notiomastodon platensis e Eremotherium laurillardi, espécies marcantes do Brasil. O presente estudo apresenta um novo registro de marcas de dentes de carniceiros em um fragmento de costela de N. platensis, proveniente de um tanque natural no Sítio Paleontológico Lagoa da Cobra, município de Sumé, Paraíba (258 km da capital João Pessoa). O fragmento do corpo de costela (SPLC-SU-0133) apresenta sulcos rasos e paralelos a subparalelos entre si, orientados obliquamente em relação ao eixo longitudinal do osso. Uma análise comparativa das proporções permitiu atribuir as marcas à icnoespécie Machichnus fatimae, com Protocyon troglodytes como possível produtor. Esse tipo de interação ecológica deveria ser comum no Pleistoceno do nordeste brasileiro, deste modo, este novo registro ajuda a compreender melhor a paleoecologia da megafauna da região.