Cultura autóctone e contaminação colonial em Moçambique: mímesis moderna no romance Niketche, de Paulina Chiziane
Palavras-chave:
Niketche, Paulina Chiziane, teoria do romance, tradição e modernidade, inconsciente pós-colonial, theory of novel, tradition and modernity, post-colonial unconscious, teoría de la novela, tradición y modernidadResumo
Resumo: Este trabalho se propõe a analisar aspectos do romance Niketche: uma história de poligamia, de Paulina Chiziane, à luz de postulados da teoria do romance, que, como veremos, inserem a obra da autora na tradição romanesca ocidental, quer pela utilização de uma língua europeia, quer pela presença de elementos que, embora não contestem a importância da cultura autóctone, revelam a sub-reptícia assimilação do ideário colonial no que concerne às relações afetivas: a jornada de autoconhecimento da protagonista narradora do romance não a liberta de concepções ideológicas marcadamente alienígenas na seara amorosa.
Abstract: This work proposes to analyze aspects of the novel Niketche, by Paulina Chiziane, based on the theory of the novel, which, as we will see, insert the author's work in the western Romanesque tradition, either through the use of an European language, or by the presence of elements that, although they do not contest the importance of indigenous culture, reveal the surreptitious assimilation of the colonial ideology regarding affective relationships: the journey of self-knowledge of the protagonist narrator of the novel does not release her from ideological conceptions markedly alien in the loving field.
Resumen: Este estudio propone el análisis de aspectos de la novela Niketche: uma história de poligamia de Paulina Chiziane desde los postulados de la teoría de la novela que adscriben a la obra de la autora a la tradición novelesca occidental, sea por el empleo una lengua europea, sea por la presencia de elementos que, aunque no nieguen la importancia de la cultura autóctona, revelan la asimilación subyacente de ideas coloniales en cuanto a las relaciones afectivas: la jornada de autoconocimiento de la narradora de la novela no la libera de concepciones ideológicas claramente ajenas en el marco amoroso.
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