A luta coletiva em A marquesa de Vale Negro, de Maria O’Neill

Autores

  • Andreia Castro UERJ

Palavras-chave:

Maria O’Neill, Feminismo, Socialismo, Escrita feminina

Resumo

Resumo: Os romances de Maria O’Neill (1876-1932), escritora portuguesa feminista, espírita e socialista comprometida, eram considerados por muitos conservadores como propaganda de ideias perigosas. Em sua prolífica e diversificada carreira, O’Neill, efetivamente, registrou e deu publicidade à experiência feminina e feminista do início do século XX. Os seus textos apresentavam e discutiam não só os atores que subjugavam, diminuíam e limitavam a existência das mulheres, mas, sobretudo, as possibilidades e as potencialidades que elas dispunham para transgredir e superar tais impedimentos. Em A marquesa de Vale Negro, de 1914, Maria O’Neill aponta os efeitos nocivos da rivalidade feminina instaurada e mantida pelo patriarcado. Seguir os passos da escritora no Brasil também é revelar os percursos do feminismo e do espiritismo no país. Sem finais conciliatórios, seus textos afirmam a importância da mobilização e da luta coletiva para a construção de uma sociedade mais igualitária e justa.

Abstract: The novels of Maria O’Neill (1873-1932), a committed Portuguese feminist, spiritualist and socialist writer, were considered by many conservatives as propaganda for dangerous ideas. In her prolific and diverse career, O'Neill has effectively registered and publicized the feminine and feminist experience of the early 20th century. Her texts presented and discussed not only the actors who subjugated, diminished and limited the existence of women, but, above all, the possibilities and potential that they had to transgress and overcome such impediments. In A marquesa de Vale Negro, of 1914, Maria O'Neill points out the harmful effects of the female rivalry established and maintained by the patriarchy. Following in the footsteps of the writer in Brazil is also revealing the paths of feminism and spiritualism in the country. Without conciliatory endings, Her texts affirm the importance of mobilization and collective struggle for the construction of a more egalitarian and just society.

Resumen: Las novelas de Maria O’Neill (1876-1932), escritora feminista, espiritista y socialista comprometida portuguesa, fueron consideradas por muchos conservadores como propaganda de ideas peligrosas. En su prolífica y diversa carrera, O'Neill registró y publicitó con eficacia la experiencia femenina y feminista de principios del siglo XX. Sus textos presentaban y discutían no sólo a los actores que subyugaron, menospreciaron y limitaron la existencia de las mujeres, sino, sobre todo, las posibilidades y potencias que tenían para transgredir y superar tales impedimentos. En A Marquesa de Vale Negro, de 1914, Maria O'Neill señala los efectos nocivos de la rivalidad femenina instaurada y sostenida por el patriarcado. Seguir los pasos de la escritora en Brasil es también revelar los caminos del feminismo y el espiritismo en el país. Sin finales conciliadores, sus textos afirman la importancia de la movilización y la lucha colectiva para la construcción de una sociedad más igualitaria y justa.

Biografia do Autor

Andreia Castro, UERJ

Professora Adjunta de Literatura Portuguesa e de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa no Instituto de Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ (2019). Doutora em Literatura Comparada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2017). Mestra em Literatura Portuguesa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2010). Graduada em Letras - Português e Literaturas de Língua Portuguesa - pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2007). Licenciada em Letras pela Universidade Cândido Mendes (2009). Membro do grupo Pesquisas Literárias Luso-Brasileiras do Real Gabinete Português de Leitura. Membro associado ao Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Pesquisadora da Cátedra Almeida Garrett (UERJ); Pesquisadora vinculada ao projeto Páginas Luso-Brasileiras em Movimento (UFF;RGPL); Colabora com os projetos de investigação "Senhoras do Almanaque" e "Portugueses de Papel" do Grupo de Investigação 6 "Brasil-Portugal: cultura, literatura, memória", do CLEPUL - Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias.

Referências

AZEVEDO, Maria Amélia. Mulheres espancadas: a violência denunciada, São Paulo, Cortez, 1985.

BAGUARY, Lyco. “Momento literário” In: A união. Ano XVI, n. 11, 5 de fev. 1925.

BADINTER, Elisabeth. Um amor conquistado: o mito do amor materno. 7.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993

BEAUVOIR, Simone. Segundo sexo. 2 Volumes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017.

BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Trad. Maria Helena. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.

CASTRO, Andreia. Amor, desejo e transgressão: as cartas de amor na novela camiliana: 1860-1865. Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Letras, 2010.

CRUZ, Eduardo da. “Ana de Castro Osório no Brasil: imprensa periódica, sociabilidade, política e mercado editorial”. In: Miscelânea, Assis, v. 24, 2018.

CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações. Lisboa: Difel, 1990.

CORBIN, Alain. Saberes e odores: O olfato e o imaginário social nos séculos XVIII e XIX. Tradução de Lígia Watanabe. São Paulo: Cia. das Letras, 1987.

LOUSADA, Isabel. “Humor e feminismo: qual é a graça? A sátira de Maria O'Neill ou a contradança dos sexos”. In: Historiæ, Vol. 4, n.2. Rio Grande: Editora da FURG, 2013.

PERROT, Michele. As mulheres ou os silêncios da história. São Paulo: EDUSC, 2005.

_______. Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2007.

_______. História da vida privada. Da Revolução Francesa à Primeira Guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

_______. Os excluídos da história: Operários, mulheres e prisioneiros: Operários, mulheres e prisioneiros. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2017.

OLIVEIRA, Maria Antónia. Alexandre O’Neill: uma biografia literária. Lisboa: Dom Quixote, 2005.

O’NEILL, Maria. A marquesa de Vale Negro. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1914.

_______. Almas femininas. Porto: Livraria Magalhães & Moniz, 1917.

_______. O combate. Diário Socialista da Manhã. Ano I, n. 132, 1 de set. 1919.

_______. O combate. Diário Socialista da Manhã. Ano I, n. 172, 12 de out. 1919.

_______. O combate. Diário Socialista da Manhã. Ano I, n. 298, 20 de fev. 1920.

_______. O combate. Diário Socialista da Manhã. Edição extraordinária, 21 nov. 1920.

SANT'ANNA, Affonso Romano de. O canibalismo amoroso. Rio de Janeiro: Rocco, 2011.

VAQUINAS, Irene; GUIMARÃES, Maria Alice Pinto. “Economia doméstica e governo do lar. Os saberes domésticos e as funções da dona de casa”. In: MATTOSO, José (Org.) História da Vida Privada em Portugal. Lisboa: Círculo de Leitores, 2011.

WOOLF, Virginia. Profissões para mulheres e outros artigos feministas. Trad. Denise Bottman. Porto Alegre: L&PM, 2012.

_______. Um teto todo seu. Trad. Bia Nunes de Sousa. São Paulo: Tordesilhas, 2014.

_______. Mulheres e ficção. Trad. Leonardo Fróes. São Paulo: Penguin-Companhia, 2019.

Downloads

Publicado

2021-03-30

Como Citar

Castro, A. (2021). A luta coletiva em A marquesa de Vale Negro, de Maria O’Neill. SOCIOPOÉTICA, 23(1), 1–15. Recuperado de https://revista.uepb.edu.br/SOCIOPOETICA/article/view/326

Edição

Seção

Dossiê