A desrealização da memória, ou o feminino de documenteur

Autores

  • Julia Jovita Cunha Universidade Federal de Minas Gerais

Palavras-chave:

documentário, autoria feminina, polifonia, memória, testemunho

Resumo

Resumo: O presente ensaio busca abordar, a partir da articulação dos conceitos de polifonia e de memória compartilhada, a produção de uma espécie de narrativa de si presente no filme Que bom te ver viva, da diretora Lúcia Murat. No entanto, não se trata apenas de destacar uma constituição autobiográfica do documentário, mas principalmente de tratar do testemunho coletivo de um trauma compartilhado, pensando a produção consciente de um enquadramento de memória por meios midiáticos. No longa, é o particular que se torna exemplar e universal, e depreende-se uma tentativa de analisar como essas vozes femininas dizem também dos tempos atuais, superando o vão geracional. Analisada em paralelo com a dupla transgressão de ser uma mulher que resiste ao regime ditatorial, é ressaltado ainda mais um ponto de inflexão, o de reivindicar sua própria história, ocupando os espaços oficiais do documentário e da História com relatos íntimos e singulares, com experiências do corpo e da maternidade. Assim, antes de sugerir novos caminhos, o trabalho aqui desenvolvido é antes o de escutar ainda mais uma vez essas vozes, estranhas e familiares, buscando compreender como sua autodeterminação é também uma forma de resistência.

Abstract: This essay seeks to address, by the articulation of concepts such as polyphony and shared memory, the production of a narrative of the self present in the film Que bom ver ver te viva, by director Lúcia Murat. This effort, however, is not only a matter of highlighting an autobiographical constitution from the documentary, but mainly of dealing with the collective testimony of a shared trauma, considering the conscious production of a framework of memory by media means. In this movie, the particular becomes exemplary and universal, and the attempt here is to analyze how these female voices also speak of current times, overcoming the generational gap. We analyzed it in parallel with the double transgression of being a woman who resists the dictatorial regime, a further turning point is highlighted, that of claiming her own history, and so occupying the official spaces of the documentary and History with intimate and singular reports, with experiences of the body and of motherhood. Thus, instead of suggesting new paths, the work developed here is, rather, to listen once more to these strange and familiar voices, seeking to understand how their self-determination is also a form of resistance.

Resumen: Este ensayo pretende abordar, a partir de la articulación de los conceptos de polifonía y memoria compartida, la producción de una suerte de narrativa del "yo" presente en la película Que bom te ver viva, de la directora Lúcia Murat. Sin embargo, no se trata sólo de destacar la constitución autobiográfica del documental, sino principalmente de tratar el testimonio colectivo de un trauma compartido, pensando así en la producción consciente de un encuadre de la memoria por parte de los medios de comunicación. En el largometraje, lo particular se convierte en ejemplar y universal, y se presenta acá un intento de analizar cómo estas voces femeninas hablan también de los tiempos actuales, superando la brecha generacional. Analizada en paralelo con la doble transgresión de ser una mujer que se resiste al régimen dictatorial, se destaca otro punto de inflexión, el de reivindicar su propia historia, ocupando los espacios oficiales del documental y de la Historia con relatos íntimos y singulares, con experiencias del cuerpo y de la maternidad. Así, antes de sugerir nuevos caminos, el trabajo que aquí se desarrolla consiste más bien en volver a escuchar estas voces, extrañas y familiares, buscando comprender cómo su autodeterminación es también una forma de resistencia.

Referências

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Publicado

2021-06-30

Como Citar

Jovita Cunha, J. (2021). A desrealização da memória, ou o feminino de documenteur. SOCIOPOÉTICA, 23(1), 106–113. Recuperado de https://revista.uepb.edu.br/SOCIOPOETICA/article/view/329

Edição

Seção

Dossiê