Brasil incógnito
da natureza idílica de Manuel Botelho de Oliveira à paisagem crua de Adriana Varejão
Palavras-chave:
Poesia setecentista, Arte visual contemporânea, História oficial, Paisagem brasileiraResumo
Resumo: Considerando o diálogo interartes, este artigo estuda o poema setecentista A ilha de Maré, de Manuel Botelho de Oliveira, e a pintura Paisagens (1995), da artista visual Adriana Varejão. Nossa hipótese é a de que a tela de Varejão promove, via colagem, citação e paródia, releituras das imagens idílicas da paisagem do Brasil colonial apresentadas no poema de Botelho, de maneira a revelar o apagamento das violências que marcaram tal período da história do Brasil. É por meio de uma perspectiva comparativista, a partir de um olhar benjaminiano que implica uma releitura da história oficial e considera as narrativas por ela silenciadas, que investigamos os processos de apropriação, reelaboração, significação e ressignificação que resultam do confronto entre estes dois objetos a fim de despertarmos para outras imagens, valores estéticos e interpretações acerca das paisagens da colonização brasileira.
Abstract:Considering the inter-art dialogue, this article studies the 18th century poem A Ilha de Maré, by Manuel Botelho de Oliveira, and the canvas Paisagens (1995), by the visual artist Adriana Varejão. The hypothesis is that Varejão's painting promotes, via collage, quotation and parody, reinterpretations of the idyllic images from the landscape of colonial Brazil presented in Botelho's poem, in order to reveal the erasure of the violence that marked that period of Brazilian history. It is through a comparative perspective, from a Walter Benjamin’s point of view that implies a re-reading of official history considering the narratives silenced by it, that this article investigates the processes of appropriation, re-elaboration, signification and resignification which result from the confrontation between these two objects to be in order to enable other images, aesthetic values and interpretations about the landscapes of Brazilian colonization.
Resumen: Considerando el diálogo entre las artes, este artículo estudia el poema del siglo XVIII A Ilha de Maré, de Manuel Botelho de Oliveira, y el cuadro Paisagens (1995), de la artista visual Adriana Varejão. Nuestra hipótesis es que el lienzo de Varejão promueve, a través del collage, la cita y la parodia, reinterpretaciones de las imágenes idílicas del paisaje del Brasil colonial presentadas en el poema de Botelho, con la finalidad de revelar la borradura de la violencia que marcó ese período de la historia brasileña. Es por medio de una perspectiva comparada, desde los puntos de vista de Walter Benjamin que implican una relectura de la historia oficial y teniendo en cuenta las narrativas silenciadas por ella, que se investiga los procesos de apropiación, reelaboración, significación y resignificación que son resultados de la confrontación entre estes dos objetos de ser para despertar otras imágenes, valores estéticos e interpretaciones sobre los paisajes de la colonización brasileña.
Referências
BENJAMIN, W. O surrealismo. O último instantâneo da inteligência européia. In:______. Obras escolhidas I: Magia e técnica, arte e política - ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. S.P. Rouanet. 3.ed. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 22-35.
BENJAMIN, W. Sobre o conceito da história. In:______. Obras escolhidas I: Magia e técnica, arte e política - ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. S.P. Rouanet. 3.ed. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 222-232.
GAGNEBIAN, J. M. Walter Benjamin ou a história aberta. In: BENJAMIN, W. Obras escolhidas I: Magia e técnica, arte e política - ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. S.P. Rouanet. 3.ed. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 07-19.
GOLDSTEIN, N. Versos, sons, ritmos. São Paulo: Ática, 1985.
HUTCHEON, L. Poética do pós-modernismo: história, teoria, ficção. Trad. R. Cruz. Rio de Janeiro: Imago, 1991.
PEDROSA, A. Adriana Varejão: História às Margens. São Paulo: MAM - SP, 2013.
RONCARI, Luiz. Literatura brasileira: dos primeiros cronistas aos últimos românticos. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1995.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Cleidi Strenske, Ellen Mariany da Silva Dias
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Sociopoética é licenciada sob uma https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/.