(In) Justiça ambiental no Brasil: uma crítica aos crimes ambientais sob a perspectiva da justiça em Platão
Palavras-chave:
Tragédia de Mariana, Queimadas, Trasímaco, Adimanto, VirtudeResumo
Este artigo toma como ponto de partida os crimes ambientais contemporâneos cometidos no Brasil, analisados sob a perspectiva da justiça em Platão. Apesar de toda biodiversidade e recursos que o país possui, ainda estamos carentes da reflexão através de uma ética ambiental unificadora. Assim, o artigo analisa criticamente a tragédia ambiental em Mariana e as queimadas criminosas na Amazônia, sob a perspectiva de justiça na obra A República de Platão, mais especificamente, em relação as teses de Trasímaco, Glauco e Adimanto. As tragédias ambientais analisadas são exemplos da reverberação milenar dos conceitos de justiça em Platão. Não há uma particularidade conceitual de perspectiva; existe uma superposição das justificativas vantajosas da ação injusta. Os delitos seriam apenas um reflexo de justiça, transfigurado em uma não conduta ética, virtuosa e harmônica. Na verdade, o homem do esquecimento perdeu a noção de virtude e introjetou sobre si, a moralidade ressentida, da opressão, do controle sobre a natureza - e não a do entendimento de sua complexidade. As ações impiedosas e opressoras do ―macaco-nu‖, subserviente ao capital do lucro, do egocentrismo, derrotou as expectativas de luta da natureza, desvaiu-se os valores intrínsecos. Urge pensarmos nas relações naturais, humanas e não-humanas, vitais, da natureza, pela perspectiva de uma ética da virtude. A consciência presente nas ações criminosas, não desviou as possibilidades de reflexão das atitudes; houve uma intencionalidade não justificada. A justiça platônica é uma virtude, um traço do caráter do homem que associada à sabedoria, à temperança e à coragem são indispensáveis para a felicidade.