O REALISMO CIENTÍFICO E SEUS RIVAIS

Autores

  • Marcos Rodrigues da Silva Universidade Estadual de Londrina, Brasil
  • Gabriel Chiarotti Sardi Universidade de São Paulo - USP

Palavras-chave:

Realismo Científico, Antirrealismo, Concepção historiográfica, Socioconstrutivismo

Resumo

Para o realismo científico as ciências naturais buscam a verdade sobre o mundo físico e as teorias científicas bem-sucedidas descrevem e explicam, ao menos de modo aproximado, a realidade natural. Com base nesta tese geral, os realistas científicos se colocam como rivais de três escolas de pensamento filosófico sobre a ciência: o antirrealismo, a concepção historiográfica e o socioconstrutivismo. Este artigo possui três objetivos: i) descrever como o realismo científico apresenta estas rivalidades; ii) defender a ideia de que, embora a primeira rivalidade (com o antirrealismo) possa ser considerada como tal, as outras duas (com a concepção historiográfica e com o socioconstrutivismo) possuem nuances que enfraquecem a própria noção de rivalidade tal como pretendida pelos realistas científicos; iii) oferecer uma explicação para o que será defendido no item (ii), a qual seria a seguinte: para os realistas científicos não existiriam as nuances (do item (ii)) e assim ou se defende o realismo científico ou se rejeita o realismo científico; em outras palavras: tudo o que não pode ser assimilado no interior do realismo científico é considerado uma forma de antirrealismo.

 

DOI: https://doi.org/10.29327/2194248.5.2-12

Biografia do Autor

Marcos Rodrigues da Silva, Universidade Estadual de Londrina, Brasil

Possui graduação em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1994), mestrado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1996) e doutorado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (2003). Atualmente é professor adjunto da Universidade Estadual de Londrina e Bolsista Pesquisador da Fundação Araucária. Atua em Filosofia da Ciência, especialmente nos seguintes temas: realismo científico, história da biologia e ensino de biologia.

Gabriel Chiarotti Sardi, Universidade de São Paulo - USP

Doutorando em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP). Bolsista CAPES. 

Referências

ALVAREZ, Luis W. Recent developments in particle physics. Nobel Lecture, 1968.

ATHERTON, Margareth. Berkeley's anti-abstractionism. In: SOSA, Ernst. (Org.) Essays on the Philosophy of George Berkeley. Dordrecht: D. Reidel, 1987.

BERKELEY, George. De Motu. Trad.: Marcos Rodrigues da Silva Scientiae Studia. São Paulo, v. 4, n. 1, 2006, pp. 115-137.

BLOOR, David. Conhecimento e imaginário social. Trad.: Marcelo Penna-Forte. São Paulo: Unesp, 2009.

BORGE, Bruno. ¿Fue lakatos un realista epistémico?: el rol de la verdad en la metodología de los programas de investigación científica. Transformação, Marília, v. 43, 2020, pp. 47-72.

BOWLER, Peter. The mendelian revolution. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1989.

CARTWRIGHT, Nancy. How the laws of physics lie. Oxford: Clarendon Press, 1983.

CHALMERS. Alan. A fabricação da ciência. Trad.: Beatriz Sidou. São Paulo: Unesp, 1994.

DEVITT, Michael. Realism and truth (2ª Ed.). Princeton: Princeton University Press, 1997.

GENTILE, Nélida. La tesis de la incomensurabilidade. Buenos Aires: Eudeba, 2013.

GODFREY-SMITH, Peter. Recurrent transient underdetermination and the glass half full. Philosophical Studies, Dordrecht, 137, 2008, pp. 141-148.

HARMAN, Gilbert. Inferência da Melhor Explicação. Trad.: Marcos Rodrigues da Silva e Miriele Sicote de Lima. Dissertatio, Pelotas, v. 47, 2018, pp. 325-332.

KITCHER, Phillip. The advancement of science. Oxford: Oxford University Press, 1993.

KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. Trad.: Nelson Boeira. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 2000.

__________. Afterwords. In: HORWICH, Paul. (Org.) World Changes. Cambridge: MIT, 1993.

LADYMAN, James. Understanding philosophy of science. London: Routledge, 2002.

LATOUR, Bruno. Science in action. Cambridge: Harvard University Press, 1987.

LAUDAN, L. O progresso e seus problemas: rumo a uma teoria do crescimento científico. Trad.: Roberto Leal Ferreira. São Paulo: Unesp, 2010.

LEPLIN, Jarret. A novel defense of scientific realism. Oxford: Oxford University Press, 1997.

NELSON, Alan. How Could Scientific Facts be Socially Constructed? Studies in History and Philosophy of Science, Amsterdã, v. 25, n. 4, 1994, pp. 535-547.

NEWTON-SMITH, William. Berkeley’s Philosophy of Science. In: FOSTER, John; ROBINSON, Howard (Orgs.) Essays on Berkeley. Oxford: Clarendon Press, 1985.

OLBY, Robert. Charles Darwin’s Manuscript of Pangenesis. The British Society for the History of Science, Londres, v. 1, n. 3, 1963, pp. 251-263.

PICKERING, Andrew. Openness and Closure: On the Goals of Scientific Pratice. In: LE GRAND, Homer (Org.) Experimental Inquiries. Dordrecht: Kluwer, 1990.

POINCARÉ, Henry. A ciência e a hipótese. Brasília: UnB, 1984.

PSILLOS, Stathis. O argumento de Tolstói: realismo e a história da ciência. Trad.: Gabriel Chiarotti Sardi e Marcos Rodrigues da Silva. Cognitio, São Paulo, v. 24, n. 1, 2023, pp. 1-9.

__________. Scientific realism: how science tracks truth. London: Routledge, 1999.

ROSENFELD, Rogério. O cerne da matéria. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

SARDI, Gabriel C.; SILVA, Débora O. Realismo, continuidade teórica e a revolução química. Sapere Aude, Belo Horizonte, v. 13, n. 26, 2022, pp. 575-590.

STANFORD, Kyle. Exceeding our grasp. Oxford: Oxford University Press, 2006.

STENGERS, Isabelle. A invenção das ciências modernas. São Paulo: Editora 34, 2002.

THAGARD, Paul. A Estrutura Conceitual da Revolução Química. Trad.: Marcos Rodrigues da Silva e Miriam Giro. Princípios, Natal, v. 14, n. 22, 2007, pp. 265-303.

VAN FRAASSEN, Bas. The scientific image. Oxford: Clarendon Press, 1980.

VICKERS, Peter. A brief chronology of the philosophy of science. In: FRENCH, Stephen; SAATSI, Juha. (Orgs.). The continuum companion to the philosophy of science. Londres: Continuum, 2011.

Publicado

2023-12-24

Como Citar

Silva, M. R. da, & Sardi, G. C. (2023). O REALISMO CIENTÍFICO E SEUS RIVAIS. REVISTA INSTANTE, 5(2), 239–253. Recuperado de https://revista.uepb.edu.br/revistainstante/article/view/2716