PLURALISMO CULTURAL E TOLERÂNCIA METODOLÓGICA
Palavras-chave:
Carnap, Feyerabend., Racionalidade, Pluralismo, Tolerância, UnidadeResumo
Este artigo apresenta uma análise do conhecimento científico pressupondo os conceitos de ‘método’ e ‘racionalidade científica’ a partir do seguinte questionamento: em que medida podemos afirmar que o empreendimento científico é um empreendimento racional? Deve haver um padrão único, algo como controle empírico, objetividade e justificação lógica? Devemos questionar os limites das distinções científico/não científico; racional/irracional; ciência/história da ciência? Tais distinções são ou devem ser contextualizadas? Assim, o anarquismo epistemológico, entendido como um pluralismo metodológico, nos conduz a uma nova forma de discutir a racionalidade científica, notadamente uma racionalidade contextualizada. A uniformidade é tediosa, concordamos com Feyerabend, mas nada tem a ver com a objetividade. Entendemos que a objetividade é uma condição de possibilidade da ciência na perspectiva da unidade científica, mas não está condicionada à uniformidade, que restringe a liberdade de suas práticas. Uma metodologia anarquista que almeja a proliferação teórica é uma boa alternativa à uniformidade, mas não o é para a unidade da ciência, que tem outro propósito, o de justificação lógica. Deste modo, pluralismo cultural e tolerância metodológica são compatíveis. E não um ‘oceano de alternativas mutuamente incompatíveis’
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