TECNOLOGIA:

ENTRE O REALISMO E O ANTIRREALISMO

Autores

Palavras-chave:

Tecnologia. Filosofia. Realismo. Antirrealismo.

Resumo

As discussões teóricas sobre a tecnologia têm ocupado cada vez mais a agenda dos filósofos profissionais nas últimas décadas, tornando-se uma área extremamente fértil, pois, a cada dia que passa, estamos mais envolvidos e impregnados por artefatos e dispositivos tecnológico o que torna praticamente inevitável tentarmos compreender e explicar o mundo que nos cerca. Já faz algum tempo que discuto a relação entre ciência e tecnologia, e tenho procurado mostrar a viabilidade de se estabelecer uma emancipação epistêmica fraca da tecnologia em relação à ciência. Falo de uma emancipação epistêmica fraca porque, a meu ver, não há uma ruptura completa entre ciência e tecnologia, e tampouco a tecnologia pode ser adequadamente compreendida apenas como ciência aplicada. Em outras oportunidades (2014, 2015 e 2021) já apresentei a possibilidade de se estabelecer uma emancipação da tecnologia em relação à ciência a partir de suas metodologias, de suas racionalidades e de seus indicadores de progresso. Agora, considero oportuno tecer alguns comentários em relação ao realismo e ao antirrealismo sob a perspectiva da filosofia da tecnologia. De antemão, cabe observar que essa aproximação é ainda bastante singular, pois, em uma rápida busca, não foi possível encontrar muitos trabalhos técnicos que direcionassem para essa discussão. Para mim, a filosofia da ciência se apresenta como um ponto de partida privilegiado na busca de um entendimento mais adequado da própria tecnologia. Por esse motivo, espero que as próximas linhas sejam, além de especulações filosóficas primitivas, considerações minimamente razoáveis. Assim, resumidamente, defenderei que a tecnologia suporta um antirrealismo de teorias e um realismo de entidades.

 

DOI: https://doi.org/10.29327/2194248.5.2-16

Biografia do Autor

Gilmar Evandro Szczepanik, Universidade do Centro Oeste do Paraná, Brasil

Professor Adjunto D do Departamento de Filosofia da Universidade do Centro-Oeste do Paraná (Unicentro/PR). Pós-doutorando junto ao Programa de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR).

Referências

BOYD, Richard. Scientific realism and naturalistic epistemology. In: ASQUITH,; GIERE (org.). PSA 1980, v. 2. East Lansing: philosophy of Science association, 1981, pp. 613-662.

__________. The current status of scientific realism. In: LEPLIN, J. (Org.). Scientific Realism. Berkeley e Los Angeles: University of California Press, 1984, pp. 41-82.

BROWN, H. Perception: theory and commitment: The New Philosophy of Science. Chicago-London: The University of Chicago Press, 1977.

BUNGE, Mário. Epistemologia: curso de especialização. São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo: 1980.

CARTWRIGHT. Nancy. How the laws of physics lie. Oxford: Clarendon Press, 1983.

CHAKRAVARTTY, A. Scientific Realism. In: Stanford Encyclopedia of Philosophy. Edward N. Zalta (ed.). Summer Edition. Stanford, CA: The Metaphysics Research Lab, 2017. Disponível em: <https://plato.stanford.edu/archives/sum2017/entries/scientificrealism/>. Acessado em: 08 de agosto de 2023.

CUPANI, Alberto Oscar. The specificity of technological knowledge. In: JERÓNIMO, Helena Mateus. Portuguese philosophy of technology: legacies and contemporay work from the portuguese-speaking community. Springer, Switzerland, 2023.

__________. Ciencia y Valores, Otra Vez: sobre la incorporación de valores no epistémicos en las prácticas científicas. PRINCIPIA (UFSC), v. 25, 2021, pp. 181-197.

__________. A ciência e os valores humanos: repensando uma tese clássica. Philósophos (UFG), v. 9, 2004, pp. 115-134.

DOUGLAS, H. “The value of cognitive values.” Philosophy of Science, 80(5), 796-806, 2013.

__________. “Facts, Values, and Objectivity.” The Sage Handbook of the Philosophy of Social Science. Sage Publications, 2011, pp. 513-529.

__________. Science, policy, and the value-free ideal. Pittsburgh, PA: University of Pittsburgh Press, 2009.

FEIBLEMAN, James. Pure science, applied science, and technology: An attempt at definitions. In MITCHAM, Carl; MACKEY, Robert.: Philosophy and technology: readings in the philosophical problems of technology. New York: The Free Press, 1972.

FEREIRRA, Hadma Souza; RANGEL, Maria do Carmo. Nanotecnologia: aspectos gerias e potencial de aplicação em catálise. In: Quim. Nova, Vol. 32, n. 7, 2009, pp. 1860-1870.

HACKING, Ian. Representing and intervening: introductory topics ind the philosophy of natural Science. Cambrige: Cambridge University Press, 1983.

__________. Representar e intervir: tópicos introdutórios de filosofia da ciência natural. Trad.: Pedro Rocha de Oliveira. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2012.

KUHN, T. A tensão essencial: estudos selecionados sobre tradição e mudança científica. Trad.: Marcelo Penna-Forte. São Paulo: 2011.

__________. Objectivity, value judgment, and theory choice. In Thomas S. Kuhn, The essential tension: Selected studies in scientific tradition and change, 320–339. Chicago, IL: University of Chicago Press. 1977.

LACEY, H. . Values and objectivity in science: the current controversy about transgenic crops. Lanham, MD: Rowman and Littlefield, 2005.

__________. Is science value free?: values and scientific understanding. New York, NY: Routledge. 1999.

LACEY, HUGH; MARICONDA, PABLO RUBÉN. O modelo das interações entre as atividades científicas e os valores. Scientiae Studia (USP), v. 12, pp. 643-668, 2014a.

__________. Ciência, valores e alternativas – Apresentação. Estudos Avançados (USP. Impresso), v. 28, pp. 177-179, 2014b.

LAUDAN, L. “The epistemic, the cognitive, and the social.” Science, values, and objectivity, 14-23, 2004.

__________. Science and values: The aims of science and their role in scientific debate. Oakland, CA: University of California Press, 1984.

LONGINO, H. E. “Cognitive and non-cognitive values in science: Rethinking the dichotomy.” In Nelson, LH. & Nelson, H. Feminism, science, and the philosophy of science (pp. 39-58). Dordrecht: Kluwe, 1996.

__________. Science as social knowledge: Values and objectivity in scientific inquiry. Princeton, NJ: Princeton University Press, 1990.

McMULLIN, Ernan. “Values in Science.” PSA: Proceedings of the Biennial Meeting of the Philosophy of Science Association, vol. 1982, 1982, pp. 3–28. Disponível em: . Acessado em:16 de maio de 2022.

MITCHAM, Carl. Thinking through technology: the path between engineering and philosophy. Chicago: The University of Chicago Press, 1994.

SELLARS, Wilfrid. Science, percpection and reality. Londres: Routledge and Kegan Paul, 1963.

SZCZEPANIK, Gilmar Evandro. Conocimiento tecnológico. IN: PARENTE, D.; BERTI, A.; CELIS, C. (org) Glosario de Filosofía de la Técnica. Adrogué: La cebra, 2022.

__________. A relação entre ciência e tecnologia a partir de três modelos teóricos distintos. DOIS PONTOS (UFPR) DIGITAL. , v.12, 2015. pp.185-195.

__________. A emancipação da tecnologia em relação a ciência. (Tese de Doutorado). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2014.

VERMAAS, PIETER et al. A philosophy of technology: from technical artefacts to sociotechnical systems. Morgan & Claypool, Eindhoven University of technology, 2011.

VINCENTI, Walter. What engineers know and how they know it. Analytical Studies from Aeronautical History. London: The John Hopkins University Press, 1990.

Publicado

2023-12-24

Como Citar

Szczepanik, G. E. (2023). TECNOLOGIA:: ENTRE O REALISMO E O ANTIRREALISMO. REVISTA INSTANTE, 5(2), 326–338. Recuperado de https://revista.uepb.edu.br/revistainstante/article/view/3001