AS MULHERES SURDAS NA DOCÊNCIA:

o que seus corpos anunciam e denunciam

Autores

Resumo

Este artigo apresenta uma discussão acerca da expressividade corporal de mulheres docentes surdas que trabalham na Educação Básica. Analisamos quais anúncios e denúncias são revelados e comunicados a partir de seus corpos de docentes surdas em suas manifestações nos espaços sociais e educativos, nos quais as diferenças linguísticas e culturais têm sido inferiorizadas. Quanto aos objetivos específicos, narramos momentos significativos que revelam anúncios e denúncias de docentes surdas nas escolas ditas inclusivas; identificamos as manifestações corporais surdas acionadas em situações docentes nas quais alunas/os e profissionais ouvintes desconhecem a Língua Brasileira de Sinais. A pesquisa envolveu observações de campo e realização de uma entrevista narrativa com quatro professoras surdas do ensino fundamental de escolas de João Pessoa-PB. A investigação apontou que, embora os corpos de pessoas ouvintes também sejam um lócus de expressão e linguagem, nas pessoas surdas essa condição ganha mais centralidade uma vez que, por meio de gestos, expressões manuais e faciais, eles se comunicam e se relacionam permanentemente. Por essa razão, argumentamos que o exercício da docência por professores/as surdos/as é uma temática que precisa ser refletida no contexto das escolas e políticas educacionais na perspectiva da inclusão para que esses/as profissionais sejam respeitadas, efetivamente, como sujeitos de direitos, iguais em suas diferenças.

 

Biografia do Autor

Gracileide Alves da Silva, UFPB

Possui doutorado em Educação pela UFPB, Pedagoga, Especialista em Gestão Educacional e Mestre em Ciências das Religiões por esta mesma Instituição de Ensino. Atualmente trabalha como professora tutora do curso de Pedagogia a distância da UFPB. É também professora de EJA e supervisora escolar do município de João Pessoa -PB. Possui experiências como professora de pós-graduação em universidades privadas de João Pessoa-PB na área de educação e ministrante de cursos e palestras nas áreas de: Estudos Surdos - Inclusão - Condição docente - Corpo docente - Ensino Religioso - Planejamento - Avaliação - Jovens e adultos - Gestão escolar.

Jeane Félix da Silva

Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Federal da Paraíba (2002), mestrado em Educação pela Universidade Federal da Paraíba (2005), doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2012) e pós-doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2013-2015). Atualmente é professora vinculada ao Centro de Educação da Universidade Federal de Alagoas (CEDU/UFAL) e do Programa de Pós-graduação em Educação do Centro de Educação da Universidade Federal da Paraíba (PPGE/CE/UFPB). Foi vice-coordenadora do Curso de Pedagogia presencial, Campus I, da UFPB (2017-2019) e vice-coordenadora do Curso de Especialização Gênero e Sexualidade na Escola - GDE/NIPAM/CE/UFPB (2020). Tem experiência nas áreas de Educação e Educação em Saúde, atuando principalmente nos seguintes temas: juventudes e HIV/aids; gênero e sexualidade; didática e currículo, políticas públicas intersetoriais e formação de profissionais de educação e de saúde; educação antiespecista, animalidades e veganismo.

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Publicado

2023-06-05

Como Citar

ALVES DA SILVA, G.; FÉLIX DA SILVA, J. AS MULHERES SURDAS NA DOCÊNCIA: : o que seus corpos anunciam e denunciam. REIN - REVISTA EDUCAÇÃO INCLUSIVA, Campina Grande, Brasil., v. 8, n. 2, p. 75–95, 2023. Disponível em: https://revista.uepb.edu.br/REIN/article/view/1715. Acesso em: 21 dez. 2024.