AS MULHERES SURDAS NA DOCÊNCIA:
o que seus corpos anunciam e denunciam
Resumo
Este artigo apresenta uma discussão acerca da expressividade corporal de mulheres docentes surdas que trabalham na Educação Básica. Analisamos quais anúncios e denúncias são revelados e comunicados a partir de seus corpos de docentes surdas em suas manifestações nos espaços sociais e educativos, nos quais as diferenças linguísticas e culturais têm sido inferiorizadas. Quanto aos objetivos específicos, narramos momentos significativos que revelam anúncios e denúncias de docentes surdas nas escolas ditas inclusivas; identificamos as manifestações corporais surdas acionadas em situações docentes nas quais alunas/os e profissionais ouvintes desconhecem a Língua Brasileira de Sinais. A pesquisa envolveu observações de campo e realização de uma entrevista narrativa com quatro professoras surdas do ensino fundamental de escolas de João Pessoa-PB. A investigação apontou que, embora os corpos de pessoas ouvintes também sejam um lócus de expressão e linguagem, nas pessoas surdas essa condição ganha mais centralidade uma vez que, por meio de gestos, expressões manuais e faciais, eles se comunicam e se relacionam permanentemente. Por essa razão, argumentamos que o exercício da docência por professores/as surdos/as é uma temática que precisa ser refletida no contexto das escolas e políticas educacionais na perspectiva da inclusão para que esses/as profissionais sejam respeitadas, efetivamente, como sujeitos de direitos, iguais em suas diferenças.
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