ENSINO BILÍNGUE PARA ESTUDANTES SURDOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: UMA REVISÃO NARRATIVA DA LITERATURA

Autores

Palavras-chave:

Surdos, Transtorno do Espectro Autista, Comunicação, Práticas Bilíngues

Resumo

A diversidade existente entre os estudantes desafia as abordagens tradicionais de ensino por representar um novo olhar sobre as diferenças. O modelo bilíngue de ensino para estudantes Surdos considera não somente a língua de sinais como primeira língua, mas também a sua identidade e cultura. Diversos estudos revelam que, cerca de 40% das crianças Surdas possuem deficiências adicionais e que, algumas delas, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA), pode afetar gravemente a comunicação e o comportamento, impactando a aprendizagem e a aquisição da língua de sinais. Compreender as particularidades comunicativas e sensoriais desses estudantes, assim como desenvolver estratégias e intervenções que atendam às suas necessidades, é essencial para oferecer uma educação eficaz. Sendo assim, este estudo buscou investigar, por meio de uma Revisão Narrativa da Literatura, como as práticas pedagógicas bilíngues vem sendo adaptadas de forma a garantir uma educação que respeite a identidade cultural e linguística dos estudantes Surdos com TEA. Embora tenha sido verificada a escassez de estudo nesta área, os resultados encontrados revelaram uma abordagem educacional centrada na valorização da língua de sinais e da cultura Surda, enquanto se reconhecem os desafios enfrentados pelos estudantes Surdos com o TEA, no contexto educacional. A criação de espaços de formação que promovam a troca e a colaboração entre os diferentes profissionais, as famílias e a comunidade surda são fundamental para a garantia de uma educação de qualidade para esses estudantes.

Biografia do Autor

Vânia Azevedo da Silva Lemes, Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ

Mestranda no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ProPEd - UERJ), Linha de Pesquisa Educação Inclusiva e Processos Educacionais. Participante do grupo de pesquisa em Linguagem e Comunicação Alternativa do ProPEd-UERJ. Especialização em Supervisão Escolar pela UFRJ (2001) e graduação em Pedagogia pela UERJ (1996). Professora dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental do Município do Rio de Janeiro (1992- atualmente). Fez parte da Equipe do Instituto Municipal Helena Antipoff/ RJ, Centro de Referência em Educação Especial do Município do Rio de Janeiro (2010-2019). Atuou como professora integrante do Laboratório de Libras/ IHA . Atua como professora da Educação Básica , Técnica e Tecnológica do Instituto Nacional de Educação de Surdos- INES/RJ. Possui experiência na área da Educação, com ênfase em Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, Educação de Surdos, práticas de ensino bilíngue ( Libras- Língua Portuguesa) e formação docente.

Alzira Maira Perestrello Brando, Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ

Durante a faculdade, participei do grupo de pesquisa Dando a voz através de imagens: comunicação alternativa para indivíduos com deficiência de 2005 a 2011 na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Em 2005, eu me formei em Licenciatura e Bacharelado em Pedagogia (UERJ) e em 2011 me tornei Mestre em Educação (UERJ). Já ministrei aulas em curso de pós graduação na Universidade Veiga de Almeida (UVA), fui professora substituta da Faculdade de Educação da UERJ. Além de tais atividades, eu atuei como tutora a Distância e orientei monografias no CEDERJ/UERJ/, de 2011 a 2018. Em janeiro de 2017 tomei posse como Professora do Ensino Básico e Tecnológico do Instituto Benjamin Constant (IBC). No IBC, atuei como professora do setor de Atendimento Especializado e Deficiência Múltipla e participei do grupo de pesquisa de Surdocegueira dentro da instituição. De 2020 a 2022, eu participei como vice líder do Grupo de Pesquisa "LABCÁTIL Laboratório de Pesquisas em Comunicação Alternativa Tátil", vinculado ao Centro de Estudos e Pesquisas (Cepeq) da Divisão de Pós-Graduação e Pesquisa (DPP) do Departamento de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão (DPPE) do Instituto Benjamin Constant. Além de tais atividades, fui coordenadora do Núcleo de Atendimentos Pedagógicos Especializados (NAPE) do IBC e, atualmente, realizo atendimentos de Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) com crianças e jovens sem comunicação funcional. Em 2024, ingressei como estudante de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Educação da UERJ, sob a orientação da Professora Doutora Cátia Crivelenti de Figueiredo Walter.

Cátia Crivelenti de Figueiredo Walter, Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ

Graduação em Fonoaudiologia - USC-Bauru (1985), possui mestrado e doutorado em Educação Especial (Educação do Indivíduo Especial) pela UFSCar-PPGEEs (2000 e 2006). Pós doutorado em Educação - projeto em Comunicação em Comunicação Alternativa (PROPED-UERJ). É professora Associada do Departamento de Educação Inclusiva e Continuada e do Programa de Pós Graduação em Educação (PROPED) na linha de pesquisa em Educação Inclusiva e Processos Educacionais. Atualmente é bolsista procientista UERJ (desde 2015) e CIENTISTA DO NOSSO ESTADO FAPERJ (2021-2024).Docente no Curso de Pedagogia presencial e à distância (CEDERJ) da Faculdade de Educação e das Licenciaturas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. Líder do grupo de pesquisa CNPq - COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA PARA ALUNOS SEM FALA ARTICULADA e coordenadora do Laboratório de Tecnologia Assistiva/Comunicação Alternativa - LATECA - PROPED-UERJ. Foi professora Visitante na University of Central Florida de janeiro a julho de 2019 com bolsa CAPES (PVE). Atua como pesquisadora e orientadora no grupo de pesquisa em Linguagem e Comunicação Alternativa do ProPEd-UERJ. É fundadora e conselheira do Centro Ann Sullivan do Brasil de Ribeirão Preto e assessora de projetos do Instituto JNG (RJ). Tem experiência na área de fonoaudiologia clínica e Educação Especial, com ênfase em formação acadêmica, docência, atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento e avaliação de linguagem, educação especial, Transtorno do Espectro Autista, pessoas com deficiência intelectual, paralisia cerebral, distúrbios de linguagem, técnicas de ensino especializado, PECS-Adaptado, comunicação alternativa e capacitação de familiares e de professores do ensino regular e especial. É membro associado da Comissão Assessora em Educação Especial e Atendimento Especializado em Exames e Avaliações da Educação Básica do INEP. Co-chair (2020-2023) da International Society for Augmentative and Alternative Communication - ISAAC e faz parte do Comitê Cientifico da ISAAC (2021-2024), da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa) da Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial ABPEE) e membro afiliada internacional da American Speech-Language-Hearing Association (ASHA).

Referências

American Psychiatric Association. (2014). DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora.

Borders, C. M., Jones Bock, S., & Probst, K. M. (2016). A review of educational practices for deaf/hard of hearing students with comorbid autism. Deafness & Education International, 18(4), 189-205.

Bowen, S. K., & Probst, K. M. (2023). Deaf and hard of hearing students with disabilities: An evolving landscape. Education Sciences, 13(7), 752.

Brasil. (2005). Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000.Portal da Legislação, Brasília, DF, dez. 2005.

Brasil. (2021). Lei nº 14.191, de 3 de agosto de 2021. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para dispor sobre a modalidade de educação bilíngue de surdos. Diário Oficial da União, Brasília, 04 de agosto de 2021. Seção 1, p. 1.

Braz, R. M. M., Ferreira, A. T. S., & Vilela, I. P. (2022). O discente surdo autista nas aulas de Educação Física. CAMINHOS DA EDUCAÇÃO diálogos culturas e diversidades, 4(1), 01-16.

Campello, A. R., & Rezende, P. L. F. (2014). Em defesa da escola bilíngue para surdos: a história de lutas do movimento surdo brasileiro. Educar em Revista, 71-92.

Carneiro, B. G. (2020). Crianças surdas autistas na escola: algumas considerações sobre a aquisição de linguagem e o acolhimento institucional. In G. França, & K. R. Pinho, Autismo: Tecnologias e formação de professores para a escola pública, 75-93.

Comino, D., Roche, L., & Duncan, J. (2024). Comunicação aumentativa e alternativa e crianças surdas com deficiências. Deafness & Education International, 1-25.

Denmark, T., Atkinson, J., Campbell, R., & Swettenham, J. (2019). Signing with the face: Emotional expression in narrative production in deaf children with autism spectrum disorder. Journal of autism and developmental disorders, 49, 294-306.

Ferreira, A. C. D. A. X., & Chahini, T. H. C. (2024). Lei nº 14.191/2021 e suas proposições na/para educação de discentes surdos. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação-Periódico científico editado pela ANPAE, 40(1).

Graham, P., Neild, R., & Shield, A. (2020). Increasing Social Awareness for Deaf and Hard of Hearing Children on the Autism Spectrum: Innovative Strategies. Odyssey: New Directions in Deaf Education, 21, 28-33.

Karnopp, L., & Quadros, R. M. D. (2001). Educação infantil para surdos. A criança de 0 a, 6(214-230), 6.

Lopes, R. A. (2019). Autismo e surdez: uma análise das estratégias de comunicação e autoeficácia docente em escolas bilíngues para surdos.176 p. [Tese de Doutorado, Universidade Presbiteriana Mackenzie].

Madsen, J. & Kehlet, B. (2023). Staging as Communicative Activity of Shared Experiences a Way into a Fellowship for Deaf Children with Autism. Education Sciences, 13(4), 413.

Medrado, C., Gomes, V. M. & Nunes Sobrinho, F. P. (2020). Atributos teóricos-metodológicos da revisão sistemática em educação especial: evidências científicas na tomada de decisão nas melhores práticas inclusivas. In Nunes, L. R. P. (Org.). Novas trilhas no modo de fazer pesquisa em educação especial. Marília: ABPEE, 105-126.

Nelson, C., & Bruce, S. M. (2019). Children who are deaf/hard of hearing with disabilities: Paths to language and literacy. Education Sciences, 9(2), 134.

Wiley, S., & Moeller, M. P. (2007). Red flags for disabilities in children who are deaf/hard of hearing. The ASHA Leader, 12(1), 8-29.

Downloads

Publicado

2025-01-29

Como Citar

AZEVEDO DA SILVA LEMES, V.; PERESTRELLO BRANDO, A. . M.; CRIVELENTI DE FIGUEIREDO WALTER, C. ENSINO BILÍNGUE PARA ESTUDANTES SURDOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: UMA REVISÃO NARRATIVA DA LITERATURA. REIN - REVISTA EDUCAÇÃO INCLUSIVA, Campina Grande, Brasil., v. 10, n. 2, p. 145–158, 2025. Disponível em: https://revista.uepb.edu.br/REIN/article/view/3691. Acesso em: 30 jan. 2025.

Edição

Seção

DOSSIÊ - Diálogos para pensar a educação de estudantes surdos com deficiências a partir de uma abordagem bilíngue e bicultural