A EDUCAÇÃO ENTRE GUERRAS:
a Condição Humana entre a luta global pela sobrevivência e conflitos locais movidos pela “embriaguez hegemônica”
Abstract
Com o surgimento da pandemia SARS-CoV-2 (COVID-19), sobretudo em virtude de seu avanço em escala mundial iniciado em 2020 e que se tem perpetuado até os dias de hoje, muito se discutiu, discursou e foi defendido a respeito da constituição de uma identidade mundial dirigida à luta pela sobrevivência da vida/ espécie humana diante do enfrentamento de um inimigo invisível e avassalador. O discurso/ argumento humanitário ressoou uníssono em todo o mundo, mas, não sem concorrer com determinados outros pensamentos, atitudes, decisões e ações que, no de correr de nossa história, fomo-nos acostumando a também reconhecer como resultantes dos seres humanos; seja por sua pretensa superioridade - radicada na noção de racionalidade - frente aos demais seres vivos que povoam o nosso planeta (dentre os quais os vírus, inclusive), seja em sua consequência materializada na emergência de nossa espécie como dominante no planeta.
Ao que parece, não obstante todas as reflexões advindas da crise pandêmica em que todos ainda nos encontramos imersos, o discurso humanitário tem sido subsumido pela busca incessante por poder via sobrepujança que nos tem caracterizado historicamente desde as organizações sociais mais simples, como as tribos, até as mais complexas, como as grandes nações e superpotências econômicas e militares, como Elias já nos alertava, a propósito, em inúmeros de seus trabalhos. A busca incessante por poder dirigida ao domínio de outrem, essa "febre" ou "embriaguez hegemônica" por ele definida e caracterizada parece realmente não encontrar limites, mesmo diante de outras demandas prementes e, assim, também características a tudo aquilo que define/ deveria (também) definir a condição humana; em especial, a sua sobrevivência como espécie.
A instauração da pandemia da COVID-19 em 2020, a deflagração da guerra na Ucrânia em 2022 e a recente onda de ameaças e de ataques às instituições escolares em Pernambuco encadeiam uma sequência de eventos, de repercussões e de incidências recíprocas que, mesmo não estando pretensamente articuladas, não deixam de apontar certa relação entre si. Tendo em vista o encadeamento sequencial dos acontecimentos apontados, buscou-se, mediante análise contextual de conteúdos midiáticos quanto a essas relações potenciais em suas respectivas implicações sobre a Educação como relevante campo epistêmico e reflexivo no que se refere à (auto)formação humana, sistematizar uma possibilidade de percepção e de interpretação que as consequências de conflitos humanos amplamente divulgados podem oferecer sob este viés; sobretudo ao apontar como seu resultado o estabelecimento de interfaces com a compreensão da Educação, e, assim, em virtude das elaborações e sistematizações que delas resultam/ podem resultar em função da implementação de processos de ensino e aprendizagem da cultura como uma consequência da condição humana que as permeia.
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