O CURRÍCULO DE PEDAGOGIA COMO CAMPO DE PARTICIPAÇÃO: REFLEXÕES A PARTIR DA RECONSTRUÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO DE CURSO
Keywords:
Currículo. Participação. Política culturalAbstract
Assumindo o currículo como campo de política cultural, argumenta-se neste artigo que o currículo deve se constituir em campo de
participação democrática dos sujeitos envolvidos no processo de planejamento/projeto curricular, corroborando práticas discursivas
que intensifiquem a produção de significados interculturais. Nessa perspectiva analisa as percepções de docentes e discentes sobre
suas intervenções (ou a falta delas) no processo de reconstrução do projeto pedagógico de um curso de Pedagogia, bem como a
quem atribuem a responsabilidade pela forma como o processo transcorreu. Decorre de observação participante e toma como
referência a “Teoria do discurso”, de Ernesto Laclau, dando continuidade às reflexões já publicadas em Salvino e Macedo (2016),
as quais constataram que a reconstrução do referido projeto não incluíra os/as estudantes nas etapas de deliberações e decisões
acerca do currículo do curso, conforme havia intentado o Núcleo Docente Estruturante (NDE), grupo responsável por coordenar o
processo. Quatro dos seis docentes participantes da pesquisa, embora assumindo as perspectivas liberais de democracia (governo
da maioria, democracia representativa, cidadania em temos de direitos e deveres e outros), consideram democrático um processo
decisório, do qual os estudantes (maioria) não participaram. Já os/as estudantes, em sua maioria, compreendem essa participação
como algo a ser autorizado, delegado, concedido por quem coordena o processo. Ocorre como se os sujeitos da democracia
agissem nos termos do “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. Observa-se uma banalização dos sentidos de democracia e
uma desvalorização da participação democrática, o que resulta numa dissonância/incongruência entre o que se diz e o se faz.