IMPLICAÇÕES DAS CONCEPÇÕES DO HUMANO E DA NATUREZA NAS POLÍTICAS AMBIENTAIS

Autores

  • Márcio Marques de Carvalho Universidade Federal de São Paulo

Resumo

Este artigo busca analisar a função da produção de subjetividade nas políticas ambientais, indicando o alcance econômico, social e ambiental de operações simbólicas. Serão abordadas duas perspectivas divergentes, traçadas a partir da comparação proposta por Bruno Latour entre Galileu Galilei e James Lovelock. Por um lado, o realismo capitalista, apresentado segundo Fisher e contextualizado por Quijano, Grosfoguel, Deleuze e Guattari, em que uma noção de individualidade cindida tanto do meio ambiente quanto da sociedade induz à objetificação de recursos naturais e humanos. Por outro lado, o Bem viver,  apresentado segundo Acosta e contextualizada por Guattari, Danowski e Castro, em que a interdependência torna qualquer processo natural em legítimo sujeito político, como propõem a teoria Gaia e o antropomorfismo ameríndio. A comparação de tais perspectivas revela como o modo de operação conceitual altera os elementos em questão. A bifurcação da natureza, origem da primeira perspectiva, é ultrapassada por recentes avanços científicos, como o acoplamento estrutural da mente corporificada, cerne da segunda perspectiva, requerendo uma revisão paradigmática da economia em prol do benefício sistêmico. 

Biografia do Autor

Márcio Marques de Carvalho, Universidade Federal de São Paulo

Mestrado em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pós-graduação lato-sensu em Sociopsicologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP-SP) e Graduação em Comunicação Social pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 33009015.

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Publicado

2023-10-30

Como Citar

Marques de Carvalho, M. (2023). IMPLICAÇÕES DAS CONCEPÇÕES DO HUMANO E DA NATUREZA NAS POLÍTICAS AMBIENTAIS. REVISTA INSTANTE, 5(ESP), 93–109. Recuperado de https://revista.uepb.edu.br/revistainstante/article/view/2627