NÃO-CONCEITUALISMO E PERCEPÇÃO:

ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS EPISTÊMICAS

Autores

Palavras-chave:

Conteúdo perceptual. Não-conceitualismo. Conceitualismo. Conteúdo-cenário. Externismo.

Resumo

Nesse artigo, pretendemos analisar as consequências epistemológicas da abordagem não-conceitualista de conteúdo perceptual. Num primeiro momento, mencionaremos os principais argumentos favoráveis à tese não-conceitualista: o argumento do aprendizado conceitual; o argumento da percepção em infantes e animais não-humanos; o argumento da riqueza da experiência. Em seguida, o modelo de conteúdo-cenário é apresentado como uma proposta de conteúdo representacional da percepção. O próximo passo é discutir as objeções conceitualistas, em especial o mito do dado. Por fim, levantaremos a hipótese de que a melhor forma de compreender o papel epistêmico da percepção, em um modelo não-conceitualista, é distinguindo formas internas e externas de fundamentação epistêmica, que denominamos de justificação e legitimação, respectivamente. Uma das principais consequência do não-conceitualismo é rejeitar posições excessivamente intelectualistas de fundamentação epistêmica.

 

DOI: https://doi.org/10.29327/2194248.6.2-3

Biografia do Autor

Vinícius Francisco Apolinário, Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil

Doutorando em Filosofia pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Pesquisa na área de filosofia da mente e das emoções, com ênfase nas abordagens corporificadas da cognição, em especial o enativismo sensório-motor.

Referências

ANDREWS, K. 2015. The animal mind: an introduction to the philosophy of animal cognition. New York: Routledge.

BERMÚDEZ, J. 2003. Nonconceptual content: from perceptual experience to subpersonal computational states. Em: GUNTHER, Y. (ed.). Essays on nonconceptual content. Cambridge MA: The MIT Press, p. 183-215.

BERMÚDEZ, José Luis. The distinction between conceptual and nonconceptual content. Em: MCLAUGHLIN, Brian; BECKERMANN, Ansgar; WALTER, Sven (ed.). The oxford handbook of philosophy of mind. Oxford: Oxford University Press, 2009.

BOUNJOR, L. 1985. The structure of empirical knowledge. Cambridge: Harvard University Press.

BREWER, B. 1999. Perception and reason. Oxford: Oxford University Press.

BURGE, T. 2003. Perceptual entitlement. Philosophy and Phenomenological Research, v. 67, n. 3, p. 503–548. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1933-1592.2003.tb00307.x.

CARVALHO, E. Em defesa da justificação perceptiva: desmistificando o mito do dado. 2007. Belo Horizonte, MG. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Minas Gerais.

CHAPANIS, A; OVERBEY, C. 1971. Absolute judgments of colors using natural color names. Perception & Psychophysics, v. 9, n. 4, p. 356–360. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.3758/BF03208695.

GERKEN, M. Epistemic entitlement: its scope and limits. 2020b. Em: GRAHAM, P; PEDERSEN, N (ed.). Epistemic entitlement. Oxford: Oxford University Press, p. 151-176.

GOLDMAN, Alvin. 1979. What is justified belief? Em: PAPPAS, G (ed.). Justification and knowledge: new studies in epistemology. London: Reidel Publishing Company, p. 1-25.

GRAHAM, P. 2020. What is epistemic entitlement? Reliable competence, reasons, inference, access. Em: KELP, C; GRECO, J (ed.). Virtue theoretic epistemology: new methods and approaches. Cambridge: Cambridge University Press, p. 93-123.

HECK, R. 2000. Nonconceptual content and the space of reasons. The Philosophical Review, v. 109, p. 483-523. Disponível em: https://doi.org/10.2307/2693622.

KELLY, S. 2001. Demonstrative concepts and experience. Philosophical Review, v. 110, n. 3, p. 397–420. Disponível em: https://doi.org/10.2307/2693650.

MCDOWELL, J. Mente e mundo. 2005. Trad.: João V. G. Cuter. Aparecida: Ideias & Letras.

PEACOCKE, C. A study of concepts. 1999. 2. ed. Massachusetts: MIT Press.

PEACOCKE, C. Does perception have a nonconceptual content? 2001a. The Journal of Philosophy, v. 98, n. 5, p. 239–264. Disponível em: https://doi.org/10.2307/2678383.

PEACOCKE, C. Phenomenology and nonconceptual content. 2001b. Philosophy and Phenomenological Research, v. 62, n. 3, p. 609–615. Disponível em: https://doi.org/10.2307/2653539.

PEACOCKE, C. Sense and content: experience, thought, and their relations. 1983. Oxford: Claredon Press.

PEACOCKE, C. Scenarios, concepts, and perception. 2003. Em: GUNTHER, Y (ed.). Essays on nonconceptual content. Cambridge MA: The MIT Press, p. 107-132.

SCHELLENBERG, S. A trilemma about mental content. 2013. Em: SCHEAR, J. (ed.). Mind, reason, and being in-the-world: the McDowell-Dreyfus debate. Abingdon: Routledge, p. 272-282.

SCHMIDT, Eva. 2015. Modest Nonconceptualism: epistemology, phenomenology, and content. Switzerland: Springer International Publishing.

SELLARS, W. 2008. Empirismo e filosofia da mente. Tradução de Sofia Inês Albornoz Stein. Petrópolis, RJ: Vozes.

SILINS, N. 2012. Explaining Perceptual Entitlement. Erkenntnis, v. 76, n. 2, p. 243–261. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/41417614.

TORIBIO, J. Nonconceptual content. Philosophy Compass, v. 2, n. 3, p. 445–460. Disponível em: https://doi.org/10.1111/j.1747-9991.2007.00075.x.

Publicado

2024-06-26

Como Citar

Apolinário, V. F. (2024). NÃO-CONCEITUALISMO E PERCEPÇÃO:: ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS EPISTÊMICAS. REVISTA INSTANTE, 6(2), 47–71. Recuperado de https://revista.uepb.edu.br/revistainstante/article/view/3199

Edição

Seção

Artigos