HOBBES E ROUSSEAU CONTRA "BEHEMOTH"
Palavras-chave:
Rousseau, Hobbes, Relações Internacionais, Guerra, ModernidadeResumo
Desde a antiguidade, preocupações em torno da origem, importância e função da guerra já eram objeto de estudo e controvérsia. Heráclito e Empédocles, por exemplo, atribuíam valor cósmico ao conflito, tratando-o como fator dominante na economia do universo. O primeiro entendia a guerra como mãe e rainha de todas as coisas, afirmando que é a partir dela que tudo é gerado e destruído; o segundo a caracterizava como uma força agindo continuamente na dissolução de elementos constitutivos do mundo. Tucídides e Xenofonte, mais adiante, posicionaram-na como um acontecimento ligado à vida humana, à história das sociedades. Já Platão, em A República, preocupou-se em buscar a origem do movimento que levava à guerra. Nesse sentido, asseverou que as paixões humanas seriam responsáveis por tal mal, acrescentando uma reflexão sobre a natureza humana ao debate. A análise parte da investigação do homem e sua natureza até chegar à história das sociedades. É esse fio interpretativo que alguns pensadores pós Renascimento irão percorrer na tarefa de construir uma bellum doctrina. Para este trabalho, nos debruçaremos em dois deles: Thomas Hobbes e Jean-Jacques Rousseau. Fazendo um estudo comparativo, cujo recorte temporal é a Modernidade, buscaremos expor de que maneira o tema da guerra surge e se desenvolve no interior de algumas das principais obras políticas dos dois autores: De Cive e Behemoth ou o longo parlamento, de Hobbes e Instituições Políticas de Rousseau. Pontuando divergências e convergências entre seus pensamentos, nossa intenção é tentar compreender a problemática e suscitar reflexões acerca de uma realidade a qual estamos inescapavelmente submetidos: uma existência continuamente ameaçada pela violência.
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