“A COVID-19, UMA GRIPEZINHA!”:

A interface entre o olhar parmenidiano e gorgiano acerca do discurso oficial do estado brasileiro frente à pandemia do coronavírus.

Autores

  • Marcelo Vieira da Nóbrega UEPB

Palavras-chave:

Pandemia. Covid-19. Ciência. Negacionismo. Verdade. Discurso. Sofista. Mortes.

Resumo

O flagelo da pandemia da Covid-19 no Brasil, ainda vigente, ainda expõe uma realidade cruelmente multifacetada por inúmeros discursos construídos por descritores, dentre os quais destaco: ciência, vacina, negacionismo científico, ironia, cinismo e mortes, muitas mortes. Busquei, neste trabalho, no eleata Parmênides, certamente, a palavra que mais foi impactada à luz da discussão: o saber, com sua verdade e suas repercussões no cotidiano de uma República de mais de mais de 200 milhões de seres brasileiros à mercê de uma guerra de opiniões que beirava discursos de ódio e ironia pontada por estupidez. Recorri ao diálogo platônico de Górgias com Sócrates para identificar de que forma os discursos presidenciais construíram, à base de uma retórica estratégica e cinicamente preparada, uma cadeia de discursos negacionistas que se alastraram pelo país, quase sempre minimizando não só o discurso científico em defesa de uma vacina, mas também retardando qualquer possibilidade de agilização de uma vacina que combatesse o coronavírus. Insistentemente, à revelia do rápido desenvolvimento da vacina, o discurso retórico-negacionista tentou, e em muitos casos obteve sucesso, com seu “semelhante poder de fazer do médico seu escravo, e até convencer os juízes nos tribunais”, no dizer de Górgias no momento em que, respondendo à provocação de Sócrates, arquiteta a sua teoria da eficácia da arte da retórica. Em outra perspectiva, lancei mão, à luz da Análise do Discurso na Linha Francesa, das noções de discurso enquanto um constructo histórico-ideológico, construídos no cotidiano por formações imaginárias que se vão tecendo e determinando as nossas ações. Reporto, na análise, como relevantes as notas de rodapé pelo fato de a maioria delas, mencionarem dados estatísticos atualizados acerca da pandemia.

Referências

ARISTÓTELES. Metafísica. (Tradução, textos adicionais e notas Edson Bini). 2ª ed. São Paulo: EDIPRO, 2012.

LEONTINOS, Górgias de. Paráfrase do MSX do Tratado do Não-ser de Górgias de Leontinos. Apresentação e tradução de Aldo Dinucci. In: Revista Trans/Form/Ação. São Paulo: 31(1): 2008, (p. 197-203).

_____ Testemunhos e Fragmentos. (Tradução de Manuel Barbosa e Inês de Ornellas e Castro). Coleção Mare Nostrum. Edições Colibri. S/d.

PARMÊNIDES. Da Natureza. (Tradução, notas e comentários José Trindade Santos). 3ª ed. São Paulo: Loyola, 2013.

PLATÃO. A República. (Tradução Enrico Corvisieri). (Coleção Os Pensadores). São Paulo: Nova Cultural, 2000.

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Publicado

2022-12-26

Como Citar

Vieira da Nóbrega, M. (2022). “A COVID-19, UMA GRIPEZINHA!”: : A interface entre o olhar parmenidiano e gorgiano acerca do discurso oficial do estado brasileiro frente à pandemia do coronavírus. REVISTA INSTANTE, 4(2). Recuperado de https://revista.uepb.edu.br/revistainstante/article/view/1424

Edição

Seção

Artigos