Sustentar a atenção, resistir com distração: ser, escola e mundo pelas veredas bergsonianas
Palavras-chave:
Escola, Intuição, Distração, Atenção, Henri BergsonResumo
Em tempos sombrios, redobra a responsabilidade de resgatar o bom senso e garantir a manutenção do conjunto experimental, simbólico e próprio do ser. Filosofia e Educação persistem juntas: é preciso pensar desde as essências, é urgente perseverar na sustentação do mundo humano nos processos de formação escolar. A presente pesquisa de cunho teórico, visa o esforço permanente de tomar em primeiro plano a pergunta pelo ser e, com ela, defender, começar e cuidar da escola. É preciso estar atento e forte para garantir vias não subordinadas à instrumentalização da aprendizagem, aos esquemas mercadológicos e à quantificação reducionista da vida. O potencial da companhia de Henri Bergson nos conduz à vereda filosófica que segue margeando outra temporalidade, com a intuição atenta às dinâmicas da singularidade. Aprendemos a somar dissonâncias e conjugar pares, por exemplo: intuição com inteligência, atenção com distração, a tradição e a novidade. Assim, propomos considerar múltiplas formas de relação do sujeito com o que pode conhecer, criar, pensar, intuir, experimentar. Ao circunscrever a pergunta pelas atenções e distrações constituintes da escola, esboçamos a rota em desvio, localizando a distração como expressão e potência do ser, destacando a intuição como abertura, amplificação e autonomia do pensamento. Sendas que consideram a inteligência dedutiva, mas que vai além dela. Acessos que tentam alargar as marcas constituintes da humanidade, caminhos que permitam legitimar experiências filosóficas complementares. Em tempos de aceleração produtivista, cuidar de uma temporalidade que sustente a atenção ao mundo humano é um começo.
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