A EXPERIÊNCIA COMO ACONTECIMENTO:
EDMUND HUSSERL, BERNHARD WALDENFELS E JEAN-LUC MARION EM PERSPECTIVA
Palavras-chave:
Husserl. Waldenfels. Marion. Experiência. Acontecimento.Resumo
Este artigo explora as abordagens fenomenológicas de Edmund Husserl, Bernhard Waldenfels e Jean-Luc Marion em relação aos conceitos de experiência e acontecimento. A fenomenologia busca descrever a experiência como um fenômeno "dado por si mesmo". Husserl propõe uma investigação radical da experiência, enfatizando o retorno à vivência intencional como base para o conhecimento absoluto. Ele destaca a irredutibilidade da experiência às suas causas e partes, especialmente com a descrição da experiência do estranho. Waldenfels enfoca na singularidade dos acontecimentos e na estranheza inerente à experiência, desafiando concepções convencionais de normalidade e ordem. Sua fenomenologia do estrangeiro explora como a normalidade pode obscurecer a singularidade dos acontecimentos, levando à tendência de nivelar o não-igual com o igual. Por último, Marion aborda o acontecimento como um fenômeno dado que se revela sem causa prévia, doando-se a si mesmo e ultrapassando nossas capacidades constitutivas. Enfatiza a singularidade e imprevisibilidade do acontecimento, concluindo que ele não tem uma razão definida e se doa em excesso, impactando profundamente nossa experiência. Assim, a investigação das convergências e divergências entre esses pensadores destaca a natureza dinâmica e multifacetada da fenomenologia, oferecendo horizontes conceituais que transcendem suas fronteiras convencionais. Waldenfels e Marion, em particular, ampliam nossa compreensão da experiência e do acontecimento ao considerarem sua singularidade e imprevisibilidade, que muitas vezes escapam às nossas categorias habituais de análise. Ao reconhecer a subjetividade como um campo de constante constituição e transformação, essas perspectivas fenomenológicas oferecem uma visão radical sobre a experiência e sua relação com o mundo circundante.
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