HAUFNIENSIS E A VERDADEIRA COMPAIXÃO: REFLEXÕES PARA A CLÍNICA PSICOLÓGICA

Autores

Palavras-chave:

Sören Kierkegaard. Relação de ajuda. Empatia. Psicologia.

Resumo

A compaixão é usualmente compreendida como um sentimento de pesar e de tristeza causado pela tragédia alheia, e que desperta a vontade de ajudar e confortar quem dela padece. Desta forma, compaixão se refere a um valor humano e uma experiência comunitária que combina o poder sentir o que o outro sente, compreender seu sofrimento e expressar-se por meio de uma ação de ajuda na situação. Na tradição da Psicologia, em sua modalidade clínica, poder sentir e compreender a experiência do outro é descrito pela perspectiva da empatia, entendida como habilidade fundamental para que se estabeleça uma relação de ajuda. Esse texto pretende dialogar com o pseudônimo Haufniensis em suas considerações sobre diferentes formas de compaixão: desde a interpretação do acontecimento pela perspectiva de uma pena, que diminui o outro, até uma possível perspectiva que ele denomina verdadeira compaixão, que se caracteriza por um saber sem ilusões e que busca avançar lentamente e com bastante dificuldade na elucidação da realidade. Acompanhando as discussões abertas por Haufniensis, conclui-se que é possível estabelecer uma relação de ajuda na clínica psicológica que se constitua em uma verdadeira compaixão, uma forma de disposição que espera, junto ao outro e a si mesmo, o instante, aquele espaço e tempo em que se faz possível diluir a opacidade de sentidos e esclarecer a totalidade do que está em questão, orientando os sentidos e as ações em direção ao que é essencial.

 

DOI: https://doi.org/10.29327/2194248.6.1-4

Biografia do Autor

Myriam Moreira Protasio, Instituto de Psicologia Fenomenológico-Existencial do Rio de Janeiro, Brasil

Psicóloga. Doutora e Mestre em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Pós-doutorado em Psicologia no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da UERJ. Sócia fundadora do Instituto de Psicologia Fenomenológico-Existencial do Rio de Janeiro - IFEN, onde é também professora, supervisora e coordenadora de pesquisa no Núcleo de Pesquisas do IFEN. Membro da Comissión Diretiva da Associacion Latino-americana de Psicoterapia Existencial (ALPE). Pesquisadora no grupo Margem Kierkegaardiana vinculado ao projeto de extensão Laboratório de Fenomenologia e Estudos em Psicologia Existencial - LAFEPE/UERJ. Pesquisadora pelo Diretório dos Grupos de Pesquisa do Brasil, CNPq, Brasil, nas linhas de pesquisa Psicologia clínica e Filosofia da existência; Fundamentos fenomenológico-existenciais em diferentes práticas em Psicologia; Psicoterapias Existenciais e Humanistas. Autora dos livros O si mesmo e as personificações da existência finita: comunicação indireta rumo a uma ciência existencial e Da genialidade sensível ao amor à norma: existência e consciência em Kierkegaard. Organizadora e coautora do livro O pensamento de Kierkegaard e a clínica psicológica. Temas de interesse: Søren Kierkegaard; Psicologia Clínica Existencial; O envelhecer na atualidade.

Referências

ASSIS, Machado. O alienista. São Paulo: Editora Núcleo, 2012.

CAMPOS, Eduardo S. A paciência como método. Em Aoristo: International Journal of Phenomenology, Hermeneutics and Metaphysics. Toledo, v.r, nº 2, pp. 115-125, 2022.

FEIJOO, A. M. L. C. & PROTASIO, M. M. Os desafios da clínica psicológica: tutela e escolha. Em Revista da abordagem gestáltica, XVI (2), pp. 167-172, jul-dez, 2010.

JUSTO, José M. Introdução. In KIERKEGAARD, Søren. A. A repetição. Trad.: José Miranda Justo. Lisboa: Editora Relógio D’Água, 2009, pp. 9-22.

KIERKEGAARD, Søren. A. As obras do amor: algumas considerações cristãs em forma de discursos. Trad.: Álvaro Luis. M. Valls. Petrópolis: Editora Vozes; São Paulo: Editora Universitária São Francisco, 2005.

__________. A. A repetição. Trad.: José Miranda Justo. Lisboa: Editora Relógio D’Água, 2009.

__________. O conceito de angústia. (Á. L. M. Valls, Trad.) Petrópolis: Editora Vozes; São Paulo: Editora Universitária São Francisco, 2010.

__________. Discursos edificantes em diversos espíritos - 1847. (Á. L. M. Valls e Hagelund, E., Trads.). São Paulo: LiberArs, 2018a.

__________. Prefácios. Trad.: Susana Junic. Lisboa: Relógio D’Água, 2018b.

__________. Três discursos edificantes [1843] (Levinhsphul, H. Trad.). Teresópolis: Edição do tradutor, 2022.

PROTASIO, Myriam M. O Amor se conhece pelos frutos: considerações de Kierkegaard sobre as Obras do Amor. In: Reflexões sobre o luto e práticas clínicas: Atendimentos clínicos supervisionados pela professora Ana Maria Lopez Calvo de Feijoo e Estudos de Convidados. Rio de Janeiro: Edições IFEN, 2022, pp. 19-50.

__________. O aspecto retraído do entre da relação clínica. In: Entrelaçamentos: perspectivas clínicas em Psicologia. Uma homenagem aos 70 anos de Ana Maria Lopez Calvo de Feijoo. Rio de Janeiro: Edições IFEN, pp. 19-43, 2023.

Downloads

Publicado

2024-03-30

Como Citar

Protasio, M. M. (2024). HAUFNIENSIS E A VERDADEIRA COMPAIXÃO: REFLEXÕES PARA A CLÍNICA PSICOLÓGICA. REVISTA INSTANTE, 6(1), 41–56. Recuperado de https://revista.uepb.edu.br/revistainstante/article/view/3288