A NARRATIVA EM COMUNIDADES QUILOMBOLAS

FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS E SAÚDE MENTAL

Autores

  • Hortencio Cavalcante Ferro Universidade Federal de Alagoas - UFAL
  • Saulo Luders Fernandes Universidade Federal de Alagoas - UFAL

Palavras-chave:

Narrativa. Ancestralidade. Comunidade Quilombola.

Resumo

O estudo investiga a atuação da narrativa e da oralidade como dispositivo de fortalecimento de vínculos e produtora de saúde mental nos territórios quilombolas. De modo a identificar o ato de narrar e a oralidade como práticas promotoras de saúde mental no território. Este estudo é resultado de pesquisa realizada entre os anos de 2020 à 2021.  A pesquisa teve como metodologia a pesquisa qualitativa de caráter descritivo. Foram utilizados materiais bibliográficos como: artigos, dissertações, livros e documentários, que abordam a temática da narrativa e da oralidade em territórios tradicionais. Os instrumentos usados para o campo de pesquisa foram: entrevista semiestruturada e diário de campo. As análises foram realizadas por meio do método de análise de conteúdo por categoria temática. Através das experiências da comunidade fica manifesto que a oralidade é o fio condutor que une as gerações, transmite conhecimento e cria estratégias de luta, promovendo cuidado e saúde por meio das narrativas partilhadas. A tentativa de destruição da memória faz com que essa se imbrique por outros caminhos, nos causos cotidianos, nas contações de histórias, nas receitas de culinária, nos chás e lambedores. Há uma pretensão de um apagamento histórico das comunidades quilombolas, mas estas se preservam e se refazem por meio do contar as suas vidas na relação com seu território a seus pares. Os sujeitos quilombolas utilizam o poder das palavras nos rituais religiosos, curas, prosas habituais e também nos meios formais, gerando assim, organização política que tem como base os valores ancestrais e os vínculos comunitários.

Biografia do Autor

Hortencio Cavalcante Ferro, Universidade Federal de Alagoas - UFAL

Graduado em Filosofia pela Universidade Estadual de Goiás (2022), especialização em Ensino de Filosofia pela Faculdade do Vale Elvira Dayrell (2022), especialização em Coordenação Pedagógica pela Faculdade do Vale Elvira Dayrell (2022).

Saulo Luders Fernandes, Universidade Federal de Alagoas - UFAL

Realizou sua graduação na Universidade Estadual de Maringá (2002-2007), bem como seu mestrado em Psicologia (2007-2009). Ingressou como docente em 2009 na Universidade Federal de Alagoas na cadeira de disciplinas de Psicologia Social na qual exerce atualmente o cargo de professor. Realizou doutorado na Universidade de São Paulo (2014-2016). Ingressou no ano de 2017 como professor do Programa de Pós-graduação de Psicologia nível mestrado na UFAL. Atualmente é professor de Psicologia do Instituto de Psicologia UFAL.

Referências

Ayres, J. R., Paiva, V., & Buchalla, C. M. (2012). Direitos Humanos e Vulnerabilidade na prevenção e promoção da saúde: uma introdução. In V. Paiva, J. R. Ayres, & C. M. Buchalla (2012). Vulnerabilidade e direitos humanos – prevenção e promoção de saúde: da doença à cidadania (pp. 09-22). Curitiba: Juruá. Araújo, E. M., & Silva, H. P. (2015). Apresentação do Dossiê. Revista ABPN, 7(16), 12-15.

Félix, R. (2020). Da voz à letra: oralidade, ancestralidade e resistência. In A. Ribeiro, J. G. dos S., & R. Félix, (2020). Volta miúda: quilombo, memória e emancipação (pp. 147-162). Ilhéus, BA: Editus. http://books.scielo.org/id/kynm8/pdf/felix-9786586213317-07.pdf

Hampaté Bâ, A. (2010). A tradição viva. In Z. Iskander (Org.). História Geral da África. Ática, Unesco.

Krenak, A., & Maia, B. (Org.) (2020). Caminhos para a cultura do bem viver. [S. l.]. https://www.biodiversidadla.org/Recomendamos/Caminhos-para-a-cultura-do-Bem-Viver

Langdon, E. J. (2014). Os diálogos da antropologia com a saúde: contribuições para as políticas públicas. Ciência & Saúde Coletiva, 19(4), 1019-1029. https://www.scielo.br/pdf/csc/v19n4/1413-8123-csc-19-04-01019.pdf

Lévinas, E. (2011). De outro modo que ser. (J. L. Péres & L. L. Pereira, Trans.). Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa.

Martín-Baró, I. (2009). Para uma psicologia da libertação. In R. S. L. Guzzo, & F. Lacerda Junior (Orgs.). Psicologia social para América Latina (pp. 180-197). Alínea.

Mascarenhas, M. D. M. da S., & Oliveira, S. da S. (2017). Narrativas, tradições orais e suas manifestações nos territórios quilombolas África e Laranjituba, Moju PA: A narrativa do EMU – A bebida sagrada. In Anais do Simpósio Nacional de História - Contra os preconceitos: história e democracia, Brasília, 2017 (pp. 1-17). Brasília: UNB.

Montero, M. (2006). Hacer para transformar: el método en la psicología comunitaria. Paidós.

Pollak, M. (1992). Memória e identidade social. (M. Augras & D. Rocha, Trad.). In Estudos Históricos, 5(10), 200-212. https://doi.org/10.1590/s0103-21861992000100009

Pollak, M. (1989). Memória, esquecimento, silêncio. (D. R. Fraksman, Trad.). In Estudos Históricos, 2(3), 3-15. https://doi.org/10.1590/S0103-21861989000100003

Santos, A. B. dos. (2015). Colonização, quilombos: modos e significados. INCTI/UnB.

Serres, M. (1993). Filosofia mestiça. (M. I. D. Estrada, Trad.). Nova Fronteira.

Simas, L. A., & Rufino, L. (2020). Encantamento: sobre política de vida. Mórula.

Tenório, J. (2020). O aveso da pele. [S. l.]: Companhia das Letras.

Downloads

Publicado

2023-06-02