Passagem e Progresso na antropologia de Kant
Palavras-chave:
Passagem, Progresso, Liberdade, Natureza, AntropologiaResumo
Esse artigo tem como objetivo analisar como a antropologia pode representar um modo de realização da passagem entre liberdade e natureza no pensamento de Kant. Assim, pretendemos deixar claro que o problema inaugurado nas introduções à Crítica da Faculdade de Julgar, sobre a possibilidade de uma passagem entre o abismo aparentemente intransponível da liberdade e da natureza se torna possível não apenas a partir das reflexões realizadas sobre a faculdade de julgar e suas implicações nos juízos de gosto sobre o belo e nos juízos de finalidade, mas, também, a partir da tese do progresso presente na filosofia da história de Kant que recebe uma de suas formas de realização nas questões que envolvem a natureza humana (antropologia). Para construirmos nosso argumento, vamos analisar primeiramente a antropologia em sua relação com a filosofia da história a partir das teses do progresso e da sociabilidade insociável do homem, para, em seguida, compreender como a essência do homem passa a ser definida no idealismo Crítico, de modo que compreendamos o alcance sistemático da antropologia em um possível sentido de passagem (da teoria à prática, ou da primeira para a segunda Crítica) e, por fim, nos deter na ideia da antropologia como uma segunda parte da moral kantiana, de modo que possamos entendê-la como uma forma de realização da passagem da liberdade à natureza e que pode ser realizada no curso da história da humanidade (não como indivíduo, mas como espécie), para que a Natureza cumpra com o seu propósito de desenvolver todas as disposições naturais no homem, que culmina em sua destinação moral.
Referências
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LISTA DE ABREVIATURAS
As obras de Kant que são utilizadas no presente trabalho são citadas de acordo com as edições disponíveis em português (salvo as obras sem edição nesta língua) e de acordo com a edição da Academia, disponível no site www.korpora.org/kant/verzeichnisse-gesamt.html.
Deste modo, as citações obedecerão ao seguinte modelo: KANT, KdU, 05: 35; p. 196, ou seja, primeiramente vem o nome do autor, seguido da abreviação do nome da obra, acompanhado do volume da edição e da página da Academia e o número da página da edição em português. A única exceção é a Crítica da Razão Pura (KrV) que obedecerá a sua forma convencional de referência correspondente à primeira “A” e segunda “B” edição.
Os textos sem edição em português apresentam tradução de minha própria autoria.
As abreviaturas das obras de Kant que utilizei no presente trabalho são as seguintes
AA – Akademie Ausgabe – Edição da Academia (AA)
Anth – Anthropologie in pragmatischer Hinsicht – Antropologia de um ponto de vista pragmático (AA 07)
Br – Briefe – Cartas (AA 10-13)
GMS – Grundlegung zur Metaphysik der Sitten – Fundamentação da metafísica dos costumes (1785) (AA 04)
IaG – Idee zu einer allgemeinen Geschichte in weltbürgerlicher Absicht – Ideia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita (AA 08)
KpV – Kritik der praktischen Vernunft – Crítica da razão prática (AA 05)
KrV – Kritik der reinen Vernunft (Originalpaginierunt A/B) – Crítica da razão pura (paginação original A 1781, B 1789)
KdU – Kritik der Urteilskraft – Crítica da faculdade de julgar (AA 05)