O discurso de resistência do corpo gordo à ditadura da beleza
DOI:
https://doi.org/10.29327/256399.7.2-6Palavras-chave:
Corpo gordo. Discurso. ResistênciaResumo
Este artigo reflete sobre a resistência do corpo gordo frente à normatização de uma moldagem corporal apresentada pela mídia como verdade da época. Como ponto de partida, se questiona: quais verdades estão sendo produzidas e veiculadas na mídia sobre o corpo gordo? E até que ponto esse corpo é sinônimo de resistência, já que rompe com a hegemonia do discurso midiático? A reflexão está alicerçada nos estudos sobre o discurso (FOUCAULT, 2008, 2010, 2012) e sobre o corpo como uma construção histórica e cultural, na qual se articulam diferentes discursos e saberes (FISCHLER, 2005; ORTEGA, 2008; PEREIRA, 2013). É lançado um olhar sobre o corpo gordo, analisando o discurso em evidência e trazendo à presença o que é interditado. Constata-se que, apesar de a mídia insistir na propagação de um discurso já cristalizado acerca do corpo magro aceito socialmente, algumas mulheres, confrontadas com a dura exigência imposta pela mídia de serem magras e sedutoras, ousam mostrar um corpo que, supostamente, “ninguém quer ver” e transformam a si mesmas.
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