No meio da floresta, signos de um holocausto à brasileira: o discurso fotográfico da agonia Yanomami

Resumo

Este artigo visa analisar a fotografia como signo ideológico, considerando os recursos utilizados para a construção do sentido das fotografias veiculadas pela imprensa sobre a difícil situação vivida pelos Yanomami. Tal abordagem mobiliza os recursos utilizados para a construção do sentido, tendo em vista que fotos não podem criar uma posição moral, mas podem reforçá-la e podem ajudar a fortalecer uma posição moral ainda embrionária. As fotografias se constituem em documento histórico para o registro de acontecimentos. Embora esse documento histórico traga menos informações do que, de fato, contém a realidade, a fotografia como signo ideológico é concomitantemente reflexo da realidade e fragmento material dessa realidade. Todas as manifestações de criação ideológica e os signos não verbais produzem não apenas discursos, como também práticas sociais. A partir de uma abordagem qualitativo-interpretativista, e ancorada na revisão bibliográfica de autores como Susan Sontag (2003/2004), John Berger (2017) e Volóchinov (2021), a análise evidenciou que o signo ideológico das fotografias Yanomami é marcado por seu horizonte histórico e social. Os elementos que constituem as imagens evidenciam o descaso, a miséria e o abandono desse povo. Os signos ideológicos das fotografias, nesse cenário, possuem significação interindividual e valor social.